em algum outro lugar, não aqui
daqui a 37 anos
dança um pirilampo de sangue frio
na neve de quente fuligem cósmica
o jogo de palavras é velho
e dele me aproveito o quanto posso
no silencio
da vida prática difícil
não falo pra ser ouvido
quem é que ainda
escuta o sono vago das especulações
metafísicas de outrém?
o universo é grande
e deixa impressões pelo que toca
o peso denso das estrelas
sobre nossos corpos
satã
revolve em enxofre o teu crime
empurra teu povo pro fogo
subverte o fogo
em abismo
que detrói casa
destrói vida
aplaina hospital
memórias de terra,
povo das oliveiras,
primordial ventre
tu sacrifica a alma do mundo
em teu ódio pessoal
tua intriga
manchando
a garganta e as mãos
do povo escolhido
com sangue
monstro
eu te dou o teu nome
satã
no prazer do conforto,
(grande inimigo da vida)
há o medo do processo civilizatório
pelo medo do irmão
começamos guerras
e no fim é o medo
que mata o violento
pelo medo da estrada
se perdeu da vida
o menino
é no medo do não
que mora minha culpa
e no medo do sim
a minha tirania
o medo
que chamam de bobo
que chamam de nada
enfeitado de dor abstrata
banhado em gasolina
com espinhos e dentes
queimando a pele
de dentro do estomago
e mata,
neuronios de prata
em silencio
o medo
que chamo de sabedoria
na volta pra casa
de mãos vazias
quem me vê escrevendo poesia
não sabe da vontade de mandar-te a merda :]
—
a aniquilação do outro é pra nós uma anedota que nos mantém na linha
—
a admiração entre homens é uma coisa muito mal resolvida
—
bombadear gaza é a atitude antissemita
—
Afobação era abrir as portas da espaçonave, sem equipamento
em busca de espaço
—
a mulher era uma serenidade que ele invadia
—
para quem luta sem ver resultado, a rotina é desequilibrio
—
aos conservadores,
cuidado com a vida não examinada
—
elas tem a coisa de serem mulheres malvadas
eu só quero ser um bom menino
—
relatório do método absurdo:
– independencia e “self reliance” – 100!
– medo sufocante de rejeição: 100.000.000.000.000.000….
parabéns a todos os envolvidos!
—
vamos respeitar os loucos, pra não tomar mordida!
—
adoro a lembrança do sorriso bonito que ela me deu
quando eu disse do bonito sorriso que ela tinha
—
é pra dentro que se enfrenta o medo
—
a maneira de amadurecer a alma é amando
—
descobrindo o meletti oculto que eu sou
no garcia, de oliveira
—
o universo não está em expansão
nós estamos em movimento
—
a gente as vezes se estressa pelo pacote em que o presente vem
—
– De uma chance a certeza!
– me recuso a me certificar!
—
nao é unir o mundo
é multipolarizá-lo
—
– Ei! – Ele gritou, sorrindo –
Eu sou um agente secreto!
Quando estiver certo, falarei
Quando eu estiver errado, mais ainda
Falarei muito o que me dói,
E quando for demais, me falem
pra não falar quando for pouco
de boca cheia nas teclas dos dedos
E nos veios cunhados da pedra
Falarei ao vento que a letra voa
farfala, que no mar o ar borbulha
bobo, comendo bolo
e com voz fanha e falsa flanando firulas
“fala farofa”
Vou falar depois de morto (fantasma!)
E no útero falou-me minha mãe
uma voz mansa
Só não falo dos segredos, esses são seus
Falarei coisa bonita em letras feias,
coisa feia ao ouvido…
Por despeito, o que perguntam
Talvez por ocasião
E posso até falar mentira
que no fim falar é fácil
aflora pelo funil
da vida
a partícula
vem
de onde?
uma memória
de mãe e de pai
e filhe
forma de vida
e força funda
ao pé do chão
memória
viva
tempo
essas coisas
egoísta
unha encravada
em carne viva
pedra de ouro
bigode
sal
ombro pesado
estranho
e tal
tempo
de borboleta
preta
asa sombra
vermelha
seda
e ele
não dá
atenção
peso de ouro
em clareira
larga
atravessa
a floresta
o molusco
chão
eu nunca conheci um rico
tudo garganta
sempre quebra. sempre deve
na real (lá no fundo, voce sabe)
todos em um estado sonso de quem tenta segurar mingau de aveia nas mãos
a miséria, aquele farelo ralo que a gente lambe com a língua ávida quando acaba
voce sabe, elon musk… conhece essa história, está no wikipedia
a fortuna e o luxo são uma manifestação desesperada do bicho da gente
querendo do topo da amendoeira o domínio de todas as bolotas de ouro
botá-las nos bolsos todas
bolota de almoçar quentinho no ar condicionado…
de sol na riviera
que derrete em plástico de shopping mall
o barro seco e modelado
quebra estagnado
a luta vã de erguer ruínas
o barro mole é vivo
água flexibilizando
mole escorre da mão
de volta pro barro
nunca conheci um rico que viesse e se mantivesse de lá
primordial
talvez a coroa inglesa… será?
a quanto tempo? por quanto mais?
a riqueza é uma mentira
e a gente corre
um contra os outros
achando que o jogo é assim
vi uma coisa engraçada
escrita na parede de um lixão
acima de um monte de entulho
com letras de forma garrafais
escritas a pincel
parecia ser antigo e oficial
não sei o que significava
mas quis que tivesse sido escrita pra mim
“boy reciclagem”
daniel og 